Para além da incompetência técnica, irresponsabilidade, falta de rigor e de gosto pelo feito, é preciso reconhecer uma forte predisposição para a vigarice, uma irrecusável atracção para o lodo, uma paixão pelo torpe e repugnante de que o homem é capaz. Sofrem talvez de patologias agudas os que destinam esta terra aos seus apetites de medíocres impudentes, filhos arrivistas da miséria, que perseguem o ouro da fuga. Talvez seja por isso que cá estamos, voluntariosamente entregues ao tecer da malha que sustenta o insustentável. Para o futuro continuaremos, até que possível, a gerar leitões vorazes - um dia mais tarde serão úteis para conduzir os homens. Perceba-se que para um porco esfomeado a única ética possível é a da saciedade; para um porco voraz, a da impossibilidade desta. Amanhã, os mais insalubres estarão prontos para a eleição, por um povo que se alimenta da sua própria chaga e que feitas as contas, convém admirar, nada lhe resta senão o seu bovino devir. Bem vistas as coisas, são os homens que alimentam os porcos e essa é a sua insanável responsabilidade - pelo mundo que deixam às criancinhas.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
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És tão exigente! O porco, tão presente na dieta nacional, fica mais saboroso assim - entremeadinho.
ResponderEliminar"...nada lhe resta senão o seu patético devir."
ResponderEliminarEu não diria melhor, camarada amigo! Pois que, não sei porquê também a mim, no dia de hoje, já me deram ganas de escrever qualquer coisinha! E quer-me cá parecer que o tom da coisa, caso me saia daqui a nadinha, tem contornos destas suas cores! Não sei se meio macilentas, apodrecidas, descontentes ou, apenas, as cores de quem sente que já nem pérolas nos abrilhantam! Tenho tido algumas cólicas, tenho sim senhor! Mas também, quem me manda a mim resistir?!
Olhe, amigo: grande abraço! E... traga mais cinco, que ainda cabe gente na camioneta rumo a destino incerto!! :)